terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Indignação

Este post é muito mais do que uma denúncia do que ocorre na Educação brasileira nos dias atuais, é um desabafo, uma indgnação.

Recordo-me, quando criança do sofrimento que tinha para comprar livros didáticos. Na terceira série, início dos anos 90, a professora pediu um livro de Língua Portuguesa que custava, na época, algo aproximado a 90 reais. Meu pai estava desempregado e mamãe trabalhava como diarista para segurar as despesas.

Lembro como hoje o dia que entramos na livraria no bairro de Santo Amaro, hoje em seu lugar há uma loja de roupas. Era uma loja linda, 2 andares e eu sentia que estava num lugar encantado. Sabíamos que aquele dinheiro faria falta, mas estavámos felizes naquele momento.

Era mais que um simples livro da terceira série, era meu presente de aniversário de 9 anos. Aquele livro rosa, de Língua Portuguesa era tudo pra mim, cuidava dele da mesma forma e carinho que tinha com minhas duas bonecas. Cinco anos depois, após uma reforma em casa o livro foi extraviado. Depois de muito procurar, o encontrei dois meses depois, faltando um pedaço da capa, algumas páginas, mas ainda era meu livro.

Guardei por muitos e muitos anos, como um troféu e acredito que ainda esteja entre as minhas apostilas da licenciatura e da pós-graduação.

Entretanto, nesta última sexta-feira dia 10/12, vi jogados ao longo da rua várias páginas de livros rasgadas. Os alunos, adolescentes, da mesma escola que estudei, em comemoração ao encerramento das aulas rasgaram os livros, fizeram uma chuva de páginas. Livros estes que não foram comprados como o meu da terceira série, mas distribuído pelo Plano Nacional de Livros Didáticos, um dos programas mais antigos voltados à distribuição de obras didáticas aos estudantes da rede pública de ensino.


Fiquei indgnada com a cena, ainda bem que não vi tal "festejo".


Até a próxima!

2 comentários:

Ana Paula Piedade disse...

Olá minha amiga de colegial e hoje profa. Silvia, aliás, com muito orgulho. Perfeito seu texto sobre a falta de consciência dessa nova geração com relação aos livros, ou melhor, com a educação em geral. Assim como você, lembro que, quando pequena, cada vez que eu entrava numa livraria meus olhos se enchiam de emoção e minha vontade era de comprar mais e mais livros, mas as condições financeiras nem sempre eram favoráveis. Mas quando era possível, me recordo do cuidado que tinha com cada livro, e tratava-os como um verdadeiro tesouro, eu os encapava e folheava aquelas páginas como se pudesse adentrar mundos antes nunca visitados.
Reforço aqui também a minha indignação, que assim como você reconhece o valor de obras tão essenciais para a construção de um mundo melhor, inclusive para "esses estudantes", que comemoraram o fim das aulas com a destruição daquilo que nos é tão precioso.

Grande beijo!
Ana Paula Piedade

Profa Rosangela Rocha disse...

Profa Silvvia,

Seu desabafo é simplismente demais e dz tudo que eu gostaria de dizer. Como você, também me lembro que quando eu estudava, os livros eram objetos de desejos e muito valorizados por nós, enquanto alunos. Tenho uma lembrança muito boa da minha mãe me levando na livraria saraiva, em sto amaro, para comprar um livro pedido pela profa da 5ª série, graças a Deus tenho esse livro até hoje, como um tesouro; na contramão disso, indo numa reunião de pais do meu filho, a diretora relatou que os alunos guanharam livros do governo no começo do ano e não se deram o trabalho nem de levá-los pra casa, largaram em cima da mesa...É triste, pois está claro como será o futuro do nosso país.